16/02/2016

5 de Outubro de 1910


1 Escudo (prata) 



KM# 560; AG - R.22.01
Autor: Anverso Francisco dos Santos, Reverso José Simões de Almeida (Sobrinho)
Características: Prata (Ag 835)
 Dia. 37 mm; Peso 25.g; Eixo vertical
Ano de cunhagem e quantidades emitidas:
1914 - 1.000.000


KM# é a referência para identificar as moedas no livro World Coins, vulgarmente conhecido por "Krause"
AG é a referência usada no catalogo de Alberto Gomes “Moedas Portuguesas”

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 A implantação da República


A revolução republicana eclodiu às primeiras horas de 4 de Outubro de 1910.  O Palácio das Necessidades e o Terreiro do Paço foram bombardeados pela Marinha. Na madrugada de 5 de Outubro ainda havia combates de artilharia na Avenida mas as tropas governamentais estacionadas no Rossio insubordinaram-se e a República foi proclamada na Câmara Municipal de Lisboa. A Família Real abandonou o País. Caía uma Monarquia com quase 800 anos. Era substituída por um regime que se queria de total igualdade, liberdade, justiça democrática e fraternidade.

 A nova unidade monetária


 A par de importantes medidas de consolidação do novo regime, o Governo Provisório introduziu alterações nos símbolos nacionais: destacam-se as mudanças da bandeira, do hino nacional e da unidade monetária. Foi criado o escudo.

 Origens do escudo


 Antes da Revolução de 5 de Outubro já tinham sido apresentadas à Câmara dos Deputados diversos projectos para a reforma do sistema monetário português. Argumentava-se, genericamente, que o real, sendo de ínfimo valor, se afastava das unidades monetárias dos outros países e que a escrituração de muitos algarismos, mesmos em quantias pequenas, originava erros e perdas de tempo. Num projecto de 1904, sendo Ministro da Fazenda Rodrigo Afonso Pequito, propunha-se que o real fosse substituído pelo “luso”, com o valor de 200 réis, unidade monetária que tinha como referência histórica e geográfica a antiga Lusitânia. A rápida mudança dos governos fez com que este projecto e outros que se lhe seguiram até 1910 não tivessem sido aprovados.
A nova moeda foi buscar o nome ao inicio da II dinastia. O rei D. Duarte. quando decidiu retomar a cunhagem em ouro, mandou bater os primeiros escudos, dado que era esta a figura que aparecia representada na moeda. O escudo era assim uma moeda nobre por ser fabricada naquele metal precioso. Deverá ter sido esta uma das razões que levou os responsáveis do regime a designarem a nova unidade monetária desta forma.

História do Escudo


O Escudo foi criado 22 de Maio de 1911, cinco meses após a proclamação da república, por decreto do então governo provisório. A nova moeda renovou o sistema monetário português,
colocou a unidade monetária portuguesa ao nível das dos outros países e evitou as desvantagens práticas do real (Moeda da Monarquia), cujo valor era muito pequeno, o que obrigava ao emprego de grande número de algarismos para representar na escrita uma quantia. Assim, a taxa de conversão foi fixada em mil réis (reais).

 As primeiras emissões em escudos


 Nos primeiros tempos da República os portugueses continuaram a utilizar as mesmas moedas e notas em réis, tendo algumas delas a sobrecarga “República” a preto ou encarnado.
De acordo com o Decreto com força de lei de 22 de Maio de 1911, as moedas da Monarquia deveriam ser substituídas por novas moedas de prata de 1$00, 0$50, 0$20 e 0$10 e de bronze-níquel de 0$04, 0$02, 0$01 e 0$005.
No art.º 13.º refere-se que a cunhagem da moeda de prata ”será effectuada no prazo de três a quatro anos, a contar da data da publicação d’esta lei, melhorando-se para isso convenientemente os meios de que dispõe a Casa da Moeda”
Com efeito, a primeira moeda cunhada com a efígie da República foi uma rupia, de 1912, destinada a circular na Índia Portuguesa.
A cunhagem das novas moedas correntes de prata iniciou-se mais de um ano depois da publicação do decreto: As moedas de 0$50 são de 1912; as de 0$20 de 1913 e os primeiros 0$10 e 1$00 são de 1915. Estas magníficas moedas são da autoria de Simões de Almeida (Sobrinho) e foram gravadas por Alves do Rego.
As primeiras moedas de 1$00 a entrar em circulação foram moedas, em prata, comemorativas da proclamação da República, em 1914. O anverso desta moeda “Alvorada” é da autoria de Francisco dos Santos, e o reverso, “Escudo”, de Simões de Almeida (Sobrinho). O gravador foi Alves do Rego. Os lucros da amoedação destinaram-se às despesas da defesa nacional num momento em que se aproximava a Primeira Guerra Mundial. Também a primeira nota em escudos é emitida pelo Banco de Portugal apenas em 1914. Inicialmente concebida para ser emitida com o valor de 5000 réis, prata, foi depois modificada para a nova unidade monetária.

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